“Se não temos como negar que a grande maioria dos jovens em situação social de risco, são
oriundos da raça negra, isso faz com que um projeto político-pedagógico que proponha uma
intervenção no âmbito escolar, sobretudo ao que atende o público mais carente, tenha que
levar em conta o universo cultural afro-brasileiro, se quiser aproximar sua proposta
pedagógica do contexto social desses indivíduos, e dar maior legitimidade a essa
intervenção”
Assim, considerando a estreita relação entre as origens do povo brasileiro e a origem da
capoeira, a presença desta modalidade no projeto social estará desenvolvendo a capacidade do
aluno de conhecer e reconhecer as próprias origens, capacidade esta que pode ser enquadrada
no relatório de Delors como competência relacional a nível social - compromisso com a
cultura e a diversidade. Outro aspecto da capoeira que reforça ainda mais o
desenvolvimento desta competência é o canto. Este pode evidenciar, resgatar e lançar
previsões de fatos do cotidiano e fatos históricos, como proezas de capoeiristas mais antigos
ou questões relacionadas a um passado marcado por opressão, dominação e desigualdade.
Segundo Falcão (1991) "... as cantigas de capoeira aparecem na roda como um grito, um
chamamento, um clamor, que denota toda a realidade presente, assim como as tradições do
passado e também as perspectivas de futuro"
Como dito anteriormente a capoeira ocorre em forma de roda. Nesta, todos estarão
participando seja tocando um instrumento, batendo palma, cantando ou jogando. Esta
capacidade de envolver praticantes simultaneamente torna esta modalidade atrativa e
motivante. Além disso, na união dos vários integrantes realizando funções diferentes e
alternadas, pode-se perceber que a competência relacional de nível social - compromisso com
o coletivo está envolvida nesta prática visto que a mesma favorece a cooperação entre os
alunos.
O jogo da capoeira inicia-se ao “pé” do berimbau (abaixo deste instrumento) com o
comprimento dos jogadores. A partir daí os dois praticantes deslocam-se para o meio da roda
onde o jogo será desenvolvido. Neste início o educando poderá desenvolver a competência
relacional a nível interpessoal - convívio em grupo ao se aceitar e utilizar regras de conduta
socialmente aceitas, como o comprimento.
Tanto no processo de aprendizagem como na prática da capoeira propriamente dita o
educando terá que se relacionar com todos do grupo, o que permite ao aluno convívio
diversificado desenvolvendo assim a capacidade de respeitar as diferenças dos outros. Esta
capacidade está relacionada ao pilar aprender a conviver - convívio com a diferença e da
competência relacional - reconhecimento do outro.
Na roda de capoeira todos participantes são responsáveis pela organização da mesma. Esta
situação pode estimular a tomada de iniciativa e autonomia dos alunos que já conhecem as
tradições e o ritual da capoeira, isto porque estes irão agir corrigindo ou auxiliando o colega
para que o ritual seja seguido corretamente. Dessa forma, os alunos poderão desenvolver uma
das competências produtivas básicas - autogestão, assim como a competência pessoal -
autodisciplina.
“Através do jogo de capoeira, os corpos negociam e a ginga significa a possibilidade de
barganha, atuando no sentido de impedir o conflito” (REIS, 1993; citado por FALCÃO,
1995). Esta descrição do jogo da capoeira feita por Reis evidencia a presença da competência
relacional a nível interpessoal - cultura da paz - ao se considerar que esta irá promover
comportamentos que rejeitam a violência e adotam o diálogo e negociação como forma de
resolver conflitos.a importância da capoeira para os
projetos sociais.....
-Então? Tem capoeira perto da sua residência? Viu a importância dela e seus benefícios descritos neste texto??? Quer saber como levar a capoeira para sua escola, academia, evento, comunidade (...)?
Envie um e-mail para capoeiraculturaviva@gmail.com
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Axé!
